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Sobremesas |
Imaginem o meu sorriso quando desço as escadas do restaurante António Padeiro e me deparo com tamanho regalo para a vista (e não só). A bandeja na fotografia é uma amostra das sobremesas disponíveis. Ana Branco, proprietária do espaço, refere que este restaurante propõe «cozinha tradicional portuguesa, para quem tem saudades da comida da mãe. Na cozinha só trabalham mulheres, cozinham como se fosse para a família». O avô abriu o restaurante em 1938, uma "tasquinha", era jogador de futebol durante o dia e padeiro à noite. Depois cresceu para uma cervejaria, «na altura em que existiam gaiolas com canários espalhadas dentro do estabelecimento, ainda hoje algumas mesas têm o nome de "gaiola esquerda " e "gaiola direita"». O restaurante cresceu, gerido pela mãe, Maria Júlia (conhecida por avô Júlia), que ainda chefia a cozinha com 77 anos.
Maria Júlia e Ana Branco |
Paredes repletas de histórias, mas aqui elas também se fazem à mesa. A avó Júlia «começou a cozinhar ainda em criança, rodeada por freiras que visitavam uma quinta dos padrinhos, bastante religiosos. Chamava-se Quinta da Ruiva e tinha um ambiente com muito glamour. Foi aí que despertou a curiosidade pela doçaria conventual».
Ana Branco, «é gulosa e capaz de viajar muitos quilómetros para visitar um restaurante». Considera que «o Fidalgo tem muito carácter, é a sobremesa obrigatória de conhecer no restaurante». A primeira vez que tentou fazer doces de ovos correu mal, achou um "horror", mas como se considera teimosa não desistiu. Ficou mais "feliz" quando lhe contaram que em Aveiro demoram 6 anos para aprenderem a confecionar Ovos moles de forma perfeita.
A equipa do restaurante é muito simpática e a qualidade impera. Não é difícil de perceber que se trata de um restaurante de sucesso em Alcobaça. Difícil será escolher o que provar, mas visitámos o restaurante ao longo de vários dias. E posso dizer que não me recordo de encontrar entradas apresentadas num restaurante que sejam desejáveis em igual proporção às sobremesas, tal como aconteceu no António Padeiro.
Equipa de sala: Mónica, Filipa, Rita e Susana |
Montanha russa |
Começo por mostrar a Montanha Russa, são farófias cozinhadas no forno que levam doce de ovos (mais líquido do que o normal) e não o típico creme inglês. Muito melhor do que as tradicionais farófias e a repetir!
Montanha russa |
Pecado do Céu |
Com este doce ganharam uma menção honrosa no concurso de doçaria conventual inserido na Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais que se realiza em Alcobaça anualmente. O Pecado do Céu foi desenvolvida pela avô Júlia, é confecionado com amêndoa, pinhão, gemas, açúcar e manteiga.
E as tentações continuam, o bolo cremoso de chocolate é um pudim que vai ao forno completamente líquido, depois ganha uma crosta. Leva chocolate, manteiga, açúcar e ovos, a farinha não entra na lista.
Os Ovos reais são parecidos com Papos de Anjo. Batem-se gemas apenas com fermento, até ficarem esbranquiçadas. Vão ao forno. Levam calda de açúcar depois de estarem frios.
O Pudim Veludo é confecionado com ovos, leite, açúcar e farinha. Já o leite-creme é feito com: leite, limão, pau de canela, gemas, açúcar e amido de milho. A Sopa Dourada, tipicamente de Alcobaça apresenta amêndoa, açúcar e gemas. Não é a receita típica que é confecionada com pão ou pão-de-ló. Gostei! Deixo o melhor para o fim. Ora vejam lá o que se segue!
Bolo cremoso de chocolate |
Ovos reais |
Pudim veludo |
Leite-creme |
Trouxas de ovos |
Sopa Dourada |
Fidalgo |
Aqui está a melhor sobremesa do restaurante. Concordo com Ana Branco, é obrigatório de conhecer! O Fidalgo normalmente é grande (no Alentejo), no restaurante é feito em formato pequenino. A avó Júlia forra formas com Trouxas de Ovos feitas em calda de açúcar, enche depois as trouxas com doce de ovos confecionado com açúcar e gemas (sem água), por cima apresenta uma crosta de caramelo. «Quanto mais bonitinhas são as trouxas, também ficam mais rijas. Estas que se desfazem na boca são melhores», afirmou a avó Júlia. Uma sobremesa para provocar sorrisos! Estas sobremesas custam entre 3,50€ e 5€.
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Ana Branco disse-me que o maior elogio que recebeu foi de uma cliente que disse: "é como voltarmos a casa da avó no dia de Natal". Pois eu estou desejosa de voltar a celebrar "o Natal" neste restaurante, num dia qualquer.
Já diz a canção: "Quem passa por Alcobaça / Não passa sem lá voltar".
Morada e contactos:
Rua Dom Maur Cocheril, 27, Alcobaça
Telefone: 262 582 295
Fotografia: © Diogo Agante